Ossadas
30 de Setembro, 2018
Caminhando entre campos
Campas emergem na terra
Vagueando como eu.
Errantes pedaços de carne
Apodrecendo entre tantos
Que nascem sob o céu
Com olhos cegos e baços.
Perdidos, vivem cadáveres.
Os que Pessoa descreveu.
Mas agora vejo,
Que essa morte predestinada
Não é o que nos assola
Durante a nossa vivência.
O medo que ensombra a vida.
Restringe e agrilhoa a Vontade
E mirra a nossa essência.
Para o Trilho não há mapas.
Envelhecem todas as ferragens,
E palavras perdem veemência.
Pois a grande e única verdade
É que no fim, restam as ossadas.
Da nossa própria existência.